sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Base Bíblica de Missões em Gênesis 1.1


“No princípio, criou Deus os céus e a terra.” Gn 1.1

1. Perguntas:

Começaremos a nossa abordagem perguntando: Deus existe? Se sim, qual a natureza de Deus? Como o mundo começou e qual o seu propósito?

2. Definindo alguns termos de Gn 1.1:

O título hebraico do livro “Gênesis” deriva de suas palavras iniciais (bereshith – “no princípio”). Por todo o livro, observa-se que a finalidade é abordar “princípios”. Em Gn 1.1 não há razão para que se situe uma data para a criação do mundo ou do universo. “No princípio” não se refere ao princípio da eternidade, mas da criação do mundo. Este texto pode ser traduzido assim: “No começo, quando Deus criou os céus e terra”, ou “Quando Deus começou a criar os céus e a terra” (Bíblia de Estudo Nova Tradução na Linguagem de Hoje). A palavra “criou” é um verbo que no hebraico sempre tem Deus como sujeito, ou seja, criar é algo que somente Deus faz (v. 27; 5.1; Dt 4.32; Is 45.2; 65.17; 66.22). Aqui Deus criou “os céus e a terra”. Era assim que os hebreus falavam sobre o Universo, isto é, sobre todas as coisas (Gn 2.1,4; Ap 4.11). A expressão “criou Deus” não é uma tentativa de Moisés, o autor do livro, provar ou defender a existência de Deus. O autor parte do princípio, subtendido, de que Deus existe.

3. O que Gn 1.1 nos ensina sobre Deus?

1. Deus é o criador de todas as coisas. Ou seja, Ele é o autor de tudo. 
2. Deus existe até mesmo antes da fundação do mundo. Ou seja, Deus é eterno.
3. Deus é transcendente. Ou seja, Ele não pode ser confundido com a criação. A Bíblia nega o panteísmo e o panenteísmo (panteísmo significa literalmente que tudo (“pan”) é Deus (“teísmo”), o panenteísmo significa “tudo em Deus”).
4. Deus é uma pessoa. Ele não é uma energia ou poder, mas uma pessoa. Ele também se dá a conhecer. Deus também é imanente.
5. Deus é o único Deus verdadeiro. Gênesis nega o politeísmo (crença em vários deuses). Os outros deuses são demônios e não devem ser adorados (ver Dt 32.16-18).
6. Toda adoração e obediência devem ser exclusivas ao único Deus verdadeiro. Deus requer exclusividade.

4. A Base Bíblica de Missões em Gn 1.1:
A base bíblica de missões tem seu início no princípio de tudo. Esta é a primeira verdade missiológica que encontramos nas Escrituras. A história da salvação não é algo imprevisto, como se Deus tivesse sido pego de surpresa. Pelo contrário, há uma linha reveladora da parte de Deus, desde o início, em Gênesis, que demonstra ser o plano missionário concebido ainda nos primórdios da criação.
Para Timóteo Carriker a existência de toda a Bíblia é a primeira evidência de que Deus tem uma missão, um propósito salvífico para este mundo. Ele não é um Deus abstrato, mas é o Deus que age no nosso meio, que se revela por si mesmo a nós e que tem uma finalidade para sua criação. Se a origem da missão está em Deus - “no princípio criou Deus...” - seu fim está no alcance universal da sua misericórdia e graça – “a graça do Senhor Jesus seja com todos” (Apocalipse 22.21). E este propósito restaurador da missão tem uma dimensão universal. Se Deus é o principal agente ou sujeito da missão, e a restauração o seu conteúdo, então seu alcance abrange a criação toda. Este é o lugar onde a missão se desdobra, o mundo, e o seu processo se realiza na história deste mundo. 
Os missionários têm sido constantemente acusados de estarem levando um Deus estrangeiro aos outros povos, quando na verdade, o Deus criador é um Deus universal. 
Carriker afirma ainda que o primeiro versículo da Bíblia realça a magnitude da preocupação de Deus e, por imediato, a arena de missões: “os céus e a terra”. O mundo inteiro está dentro da esfera do interesse de Deus. Sua preocupação é primariamente universal. Antes de ser o Deus de Israel ele já era o Deus do Universo. E antes de ser o Deus da Igreja é o Senhor de tudo e de todos. O próprio título “Senhor” traduz a palavra hebraica composta Adonai (Adon = Senhor ou Mestre; ái = tudo ou absoluto). Desse modo, Gn 1.1 revela que, como Senhor de todas as coisas, o alvo de Deus desde a criação é o mundo inteiro. Deus se propõe a restaurar aquilo que criou. Sua missão é uma missão para a criação. Não é por acaso que a revelação escrita que descreve a missão de Deus começa com a criação dos céus e da terra e termina com a restauração dos mesmos num novo céu e nova terra. O homem não só é guardião do seu próximo, mas mordomo da própria criação. Através do julgamento do dilúvio, não só parte da raça humana é salva, mas também parte representativa da criação toda. As leis da aliança detalham as dimensões religiosas, sociais e ecológicas da fé e da obediência do povo de Deus, provendo instruções para o bem-estar de toda a criação e toda a vida, em todas as suas múltiplas dimensões. Os salmos e hinos no Velho Testamento incluem os louvores não só do povo de Deus, mas também da própria natureza; e a era vindoura de salvação só pode incluir a expectativa de restauração não só de Israel e das nações, mas da criação toda (Isaías 43.18-21; 65.17-25).
Segundo J. H. Bavinck, Gn 1.1 constitui-se a base da Grande Comissão dada nos Evangelhos (Mt 28.18-20; Mc 16.15,16; Lc 24.46-49 e Jo 20.21,22) e também no livro histórico neo-testamentário (Atos 1.8). Sem Gn 1.1 não haveria Mt 28.18-20. O Deus/Missionário que enviou (A palavra missão vem do latim missio que significa enviar. Em grego têm-se duas palavras para envio, onde ocorre 210 vezes no Novo Testamento: apostello e pempo) o seu Único Filho, Jesus, para salvar os perdidos é o mesmo que criou os céus e a terra e todos os povos/etnias do mundo. O Deus criador é o mesmo que governa e controla todas as coisas e exige adoração exclusiva de todas as nações. Este é o propósito das missões – levar todos os povos a adorar a Deus.
Portanto, o Deus criador é o Deus de todos os povos e não a divindade particular de um determinado grupo. O Deus criador é o Deus de missões. Ele não abandonou sua criação após tê-la criado, como afirmam erroneamente os deístas. Deus nos amou tanto que nos enviou o desejado das nações: Jesus, o Salvador de todos os povos e tribos. O fato é que desde o início Deus mantinha seus olhos em todo o mundo. 

Nos laços do Calvário que nos une


Por : Luciano Paes Landim.

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